quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Um progresso animal

http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=4110&bd=1&pg=1&lg=

Humanidades História

Um progresso animal


Como a modernidade apartou homem e natureza na metrópole paulistana

Carlos HaagEdição Impressa 170 - Abril 2010
© Reprodução

Um convívio incômodo entre a modernidade do bonde e a antiguidade do boi na capital
Segundo registros, foi em 1685, no Recife, que um mosquito deu uma picada num incauto cidadão e, assim, teria ocorrido o primeiro caso de dengue no Brasil. Hoje, mais de 300 anos depois, em pleno século XXI, um simples mosquito ainda consegue render um país, sinal de que a modernidade brasileira não foi capaz, como esperavam os crentes do progresso de fins do século XIX e início do século XX, de “vencer” o “atraso” representado pelos “animais”. Mesmo numa metrópole avançada como São Paulo. “Naquele período, os animais da cidade passaram por um processo de ‘recolonização’, parte do processo de passagem de um padrão de raízes coloniais para outro com elementos de modernidade, em que o homem redefiniu suas atitudes e relações com os animais, colocando em oposição o ‘couro’, símbolo do animal, e o ‘aço’, o moderno”, analisa Nelson Aprobato Filho no doutorado O couro e o aço: a “aventura” dos animais pelos “jardins” da Pauliceia, defendido no Departamento de História da USP, orientado por Nicolau Sevcenko, com apoio da FAPESP.

“Meu objetivo foi entender os impactos da modernidade sobre os animais da cidade e demonstrar que a modernidade paulista aconteceu em suas dimensões (reais, imaginárias ou simbólicas) graças e a partir dos animais e das atitudes, usos e sensibilidades que o homem passou a adotar sobre eles”, continua. Segundo o pesquisador, com a revolução científico-tecnológica, os animais passaram a ter uma importância inesperada, já que, no processo de emergência das grandes metrópoles, eram para os homens a parte constitutiva de uma “cultura de referências estáveis e contínuas” que, nota o pesquisador, foram dilapidadas com o progresso. “Foi, logo, sintomática a escolha física e simbólica de animais como elementos singulares de experimentação, contraponto e confronto para a justificação ou detração (real ou imaginária) da modernidade paulistana.” Exemplos não faltam, desde o “Ou São Paulo acaba com a saúva, ou a saúva acaba com São Paulo” até a associação, feita por Monteiro Lobato, entre o quadro social nacional e o carro de boi, visto como símbolo do atraso, da lentidão, da rusticidade “antiga” e perniciosa. Não sem razão, uma estatística comparativa, feita em São Paulo, da quantidade de bovinos, equinos, asininos e muares revela que, se em 1905 eles eram 21.606, em 1920 passam para 38.885 e em 1940 chegam a apenas 5.375. No espaço de duas décadas, mais de 35 mil animais desapareceram da paisagem da cidade grande e, mais importante, sumiram da consciência dos cidadãos.

Esse processo de “desapreço” inicia-se já em meados do século XIX. “Basta ver as caricaturas de Ângelo Agostini, em Cabrião ou no Diabo Coxo para perceber como, na época, os animais, cada vez mais, aparecem associados ao atraso, à pasmaceira, à imundice. Porém, na realidade sociocultural da época, as maleabilidades do couro eram ainda mais resistentes do que as consistências do aço. Paulatinamente esse quadro foi se invertendo”, explica o autor. Então, não era difícil ver 300 carros de boi (que só irão desaparecer entre os anos 1910 e 1920) circulando entre São Paulo e Santo Amaro. A cidade também era constantemente atravessada por tropas, compostas por 40 a 80 animais. “Se ocorresse, por acaso, o encontro de quatro tropas numa rua paulistana era possível observar-se o trânsito provocado por 320 muares e centenas de insetos e parasitas que acompanhavam as tropas. Delas aos carros de boi, das carroças às montarias, das boiadas aos urubus, das aves aos peixes etc., os animais viviam, invadiam ruas, largos e praças. Era impossível não ter uma convivência intensa com eles”, conta. O contraponto dessas maneiras do viver cotidiano, em que os animais eram, de forma até certo ponto equilibrada, agentes e pacientes, manifestou-se nos projetos e mecanismos criados por elementos ligados ao poder público, às entidades científicas e tecnológicas que passaram a atuar em São Paulo a partir de fins do século XIX e início do XX.

“Pelo acompanhamento das várias leis e projetos que tinham como alvo os animais percebe-se como o poder público tratou a questão: quais os lugares, funções e papéis que lhes caberiam na nova cidade; quais os animais ‘eleitos’ para permanecer no meio urbano; quais confrontos foram estabelecidos entre eles e o progresso.” O pesquisador lembra que, ao mesmo tempo, surgia a tendência de considerar o engenheiro como o profissional mais capacitado para gerir os destinos de uma cidade. “Eles passam a olhar com certa cobiça as administrações municipais que subordinavam seus habitantes e animais aos mecanismos da engenharia moderna. Entre o couro e o aço ia brotando uma nova e excludente mentalidade tecnológica. Na trilha das mulas, que para eles eram sinônimo de ruralismo e passado colonial, os engenheiros paulistas tentavam alicerçar seus ideais de civilização numa ‘cruzada’ pela modernidade”, observa. Até “vítimas” inesperadas, como os cães, viram alvo de campanhas de repressão por meio de leis regulatórias que incluíam gastos da prefeitura com “bolas de alimento com veneno dentro”, dado aos caninos soltos na rua, bem como taxas e obrigatoriedade do uso de coleiras (“os cães devem estar açaimados e coleira numerada que indique ter pago o imposto municipal”, dizia a Lei nº 68 do Código de Posturas de 1886). Havia discussões acaloradas sobre o que era ou não um “cão de raça” e, portanto, sujeito a privilégios. “Para construir uma cidade moderna era preciso criar mecanismos para corrigir os que denotassem tendência à ‘vagabundagem’, de homens ou cães.”
HistóriaUm progresso animalEdição Impressa 170 - Abril 2010
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© Reprodução

Visões do descompasso animal em São Paulo, na visão de Agostini
Formigueiro - Não apenas os vira-latas ganharam denotação metafísica. “A guerra contra a saúva mobilizou a cidade em todos os níveis, seja na destruição física dos formigueiros, seja pela simbologia. Lobato foi um dos escritores paulistas que mais utilizaram o inseto como símbolo do arcaísmo e ruralismo, acompanhando-o, em suas reflexões, por décadas. Em suas teses cáusticas, escritas em 1908, por exemplo, as formigas representavam a antítese do progresso, a demonstração cabal do atraso em que estavam mergulhadas cidades e populações pobres.” Vinte anos mais tarde, Mário de Andrade falaria delas, num registro mais irônico, em Macunaíma. “Inda tanto nos sobra, por este grandioso país, de doenças e insetos por cuidar. Estamos corroídos pelo morbo e pelos miriápodes. Em breve seremos uma colônia da Inglaterra ou da América do Norte. Por isso e para lembrança dos paulistas, a única gente útil do país, propomos um dístico: ‘Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são’.” O historiador Nicolau Sevcenko, em seu artigo “O Brasil e as saúvas”, faz um curiosa síntese do uso metafórico do “inseto que incomodava”, pelas várias elites dirigentes, em diferentes épocas históricas, sempre que se tentava “eliminar saúvas”, fossem quem elas fossem: a elite agrária do século XX e o Jeca Tatu; Vargas e a campanha contra o malandro; os militares e a repressão.

Os animais, porém, podiam ser um hábito arraigado de difícil contenção. “Ao observar as várias leis, por exemplo, vê-se a ineficácia das medidas governamentais para tentar coibir o tráfico dos carros de boi pelo centro da capital. Percebe-se, em especial após 1900, a insistência do poder público por afastar esses elementos das ‘áreas nobres’ e a resistência dos carreiros em abandonar uma prática de deslocamento que tinha tudo a ver com formas populares de sobrevivência. Essas figuras e seus animais iam se tornando visões indesejáveis e dissonantes para a nova metrópole.” Ao mesmo tempo, o couro e o aço, em face da tecnologia incipiente, eram obrigados a conviver, como no caso dos bondes puxados a tração animal. “Utilizados até então em tropas de mulas ou carroças, houve um estranhamento tanto da população, desacostumada desse gênero de condução, como dos animais, uma vez que o peso dos bondes era bem maior do que o que estavam acostumados.” Ou, nas palavras de uma testemunha ocular: “Os grupos pulavam e desciam dos bondinhos e se postavam à frente dos pobre muares, que, sob o ardor dos chicotes, faziam o impossível para arrastar os carros que se achavam com seu peso além da conta”. Havia quem reclamasse do novo serviço por se ver, subitamente, morando ao lado das cocheiras. “Não existirá meio de acabar com tão incômoda assembleia?”, reclamava às autoridades um morador do Rosário.

O progresso logo traria o sossego ao incomodado. A partir de 1901, o monopólio dos transportes urbanos passa a ser controlado pela companhia canadense Light & Power, que iniciou a retirada dos bondes tracionados por animais das ruas centrais de São Paulo. O último deles foi retirado em 1910. Do entusiasmo inicial pelo novo transporte, a cidade agora se envergonhava de ter que andar com bonde movido a muares. “Houve a Revolução de Santana, organizada por moradores do bairro que, descontentes por pertencer a um dos únicos bairros da cidade que ainda eram servidos por bondes puxados por animais, resolveram usar a força para intimidar o poder público e a Light & Power. Soltaram os burros e colocaram fogo nos bondes”, conta Aprobato. Ao mesmo tempo, os bondes elétricos mexeram não apenas com o ego dos paulistas. “Para uma população acostumada a deslocamentos que tinham como parâmetro a velocidade desenvolvida por bois, mulas e cavalos, a adaptação integral ao novo veículo foi pautada por receios e medos constantes.” O zoólogo Afonso Schmidt descreveu como os “espíritos conservadores, habituados às doçuras dos bondinhos, puxados por uma parelha de líricos muares, não viam com bons olhos a sua substituição por amplos, limpos e rápidos veículos movimentados a força elétrica. Manhosamente alegaram um sagrado horror aos desastres”. Foi necessário que as empresas contratassem os “técnicos em acidentes”, pessoas que se deixavam atropelar pelo bonde a uma velocidade de oito pontos para demonstrar a eficácia dos limpa-trilhos.

Ritmos - “Os bondes elétricos, mais profundamente que os anteriores, de tração animal, por suas singularidades tecnológicas e impacto perceptivo-sensorial, foram um dos principais veículos da transformação comportamental urbana e sociocultural ocorrida em São Paulo no início do século XX”, observa o pesquisador. Eles, continua, “despertavam os moradores da cidade para novos ritmos que, dali em diante, eram obrigados acompanhar”. Mas não era o bastante. José Agudo, em Gente rica – Scenas da vida paulistana, revela os novos desejos por meio do personagem do Dr. Zezinho, “apurado no vestir e frequentador de cassinos e pensões que não têm hora de fechar”. Para ele, era um inferno chegar em casa “depois das duas da madrugada e não dormir, porque principiou o barulho de bondes e carroças”. Afinal, os automóveis estavam chegando e em breve “qualquer pé-rapado há de ter o seu”. “Também deixam atrás de si um fétido horrível de gasolina, mas é chic andar-se de automóvel. Oh! Um 40 HP é soberbo. Depois, quem anda dentro dele não fica sujo de poeira nem sente o mau cheiro da rabeira. Os que foram à pata que se arranjem, ora essa é muito boa!”, filosofava o playboy paulistano, para quem a prefeitura deveria “calçar as ruas de borracha”.

Dr. Zezinho tinha ainda outras filosofias. “Os bondes vieram tornar mais suave o trabalho dos burros. Já se pode ser burro em São Paulo, pois até há bebedouros para eles nas praças públicas. Ali mesmo no Largo São Francisco há um. Que sábia providência. Quanto burro antes não sofria sede. Se os burros falassem, é possível que um deles que por aqui viesse de passeio, parodiando a celebrina Sarah Bernhardt, exclamasse: ‘São Paulo é o paraíso dos burros!’.” Couro e aço iniciam um estranhamento cujas consequências finais ainda estamos sentindo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A felicidade é uma obrigação de mercado

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100803/not_imp589550,0.php



A felicidade é uma obrigação de mercado

03 de agosto de 2010 0h 00

Arnaldo Jabor, arnaldo.jabor@estadao.com.br - O Estado de S.Paulo


Desculpem a autorreferência, que é vitupério - mas, estou terminando meu filme A Suprema Felicidade, que me tomou três anos, entre roteiro, preparação e filmagem. Agora, sairá a primeira cópia.
Amigos me perguntam: "Que é essa tal de A Suprema Felicidade? Onde está a felicidade?" Eu penso: que felicidade? A de ontem ou a de hoje?
Antigamente, a felicidade era uma missão a ser cumprida, a conquista de algo maior que nos coroasse de louros; a felicidade demandava "sacrifício". Olhando os retratos antigos, vemos que a felicidade masculina estava ligada à ideia de "dignidade", vitória de um projeto de poder. Vemos os barbudos do século 19 de nariz empinado, perfis de medalha, tirânicos sobre a mulher e os filhos, ocupados em realizar a "felicidade" da família. Mas, quando eu era criança, via em meus parentes, em minha casa, que a tal felicidade era cortada por uma certa tristeza, quase desejada. Já tinha começado o desgaste das famílias nucleares pelo ritmo da modernidade.
Hoje, a felicidade é uma obrigação de mercado. Ser deprimido não é mais "comercial". A infelicidade de hoje é dissimulada pela alegria obrigatória. É impossível ser feliz como nos anúncios de margarina, é impossível ser sexy como nos comerciais de cerveja. Esta "felicidade" infantil da mídia se dá num mundo cheio de tragédias sem solução, como uma "disneylândia" cercada de homens-bomba.
A felicidade hoje é "não" ver. Felicidade é uma lista de negações. Não ter câncer, não ler jornal, não sofrer pelas desgraças, não olhar os meninos malabaristas no sinal, não ter coração. O mundo está tão sujo e terrível que a proposta que se esconde sob a ideia de felicidade é ser um clone de si mesmo, um androide sem sentimentos.
O mercado demanda uma felicidade dinâmica e incessante, cada vez mais confundida com consumo, como uma "fast-food" da alma. O mundo veloz da internet, do celular, do mercado financeiro nos obriga a uma gincana contra a morte ou velhice, melhor dizendo, contra a obsolescência do produto ou a corrosão dos materiais.
A felicidade é ter bom funcionamento. Há décadas, o precursor McLuhan falou que os meios de comunicação são extensões de nossos braços, olhos e ouvidos. Hoje, nós é que somos extensões das coisas. Fulano é a extensão de um banco, sicrano comporta-se como um celular, beltrana rebola feito um liquidificador. Assim como a mulher deseja ser um objeto de consumo, como um "avião", uma máquina peituda, bunduda, o homem também quer ser uma metralhadora, uma Ferrari, um torpedo inteligente, e mais que tudo, um grande pênis voador.
A ideia de felicidade é ser desejado. Felicidade é ser consumido, é entrar num circuito comercial de sorrisos e festas e virar um objeto de consumo. Não consigo me enquadrar nos rituais de prazer que vejo nas revistas. Posso ter uma crise de depressão em meio a uma orgia, não tenho o dom da gargalhada infinita, posso broxar no auge de uma bacanal. Fui educado por jesuítas, para quem o sorriso era quase um pecado, a gargalhada um insulto.
Bem - dirão vocês -, resta-nos o amor... Mas, onde anda hoje em dia, esta pulsão chamada "amor"?
O amor não tem mais porto, não tem onde ancorar, não tem mais a família nuclear para se abrigar. O amor ficou pelas ruas, em busca de objeto, esfarrapado, sem rumo. Não temos mais músicas românticas, nem o lento perder-se dentro de "olhos de ressaca", nem o formicida com guaraná. Mas, mesmo assim, continuamos ansiando por uma felicidade impalpável.
Uma das marcas do século 21 é o fim da crença na plenitude, seja no sexo, no amor e na política.
Se isso é um bem ou um mal, não sei. Mas é inevitável. Temos de parar de sofrer romanticamente porque definhou o antigo amor... No entanto, continuamos - amantes ou filósofos - a sonhar como uma volta ao passado que julgávamos que seria harmônico. Temos a nostalgia lírica por alguma coisa que pode voltar atrás. Não volta. Nada volta atrás.
Sem a promessa de eternidade, tudo vira uma aventura. Em vez da felicidade, temos o gozo rápido do sexo ou o longo sofrimento gozoso do amor; só restaram as fortes emoções, a deliciosa dor, as lágrimas, motéis, perdas, retornos, desertos, luzes brilhantes ou mortiças, a chuva, o sol, o nada. O amor hoje é o cultivo da "intensidade" contra a "eternidade". O amor, para ser eterno hoje em dia, paga o preço de ficar irrealizado. A droga não pode parar de fazer efeito e, para isso, a "prise" não pode passar. Aí, a dor vem como prazer, a saudade como excitação, a parte como o todo, o instante como eterno. E, atenção, não falo de "masoquismo"; falo do espírito do tempo.
Há que perder esperanças antigas e talvez celebrar um sonho mais efêmero. É o fim do "happy end", pois na verdade tudo acaba mal na vida. Estamos diante do fim da insuportável felicidade obrigatória. Em tudo.
Não adianta lamentar a impossibilidade do amor. Cada vez mais o parcial, o fortuito é gozoso. Só o parcial nos excita. Temos de parar de sofrer por uma plenitude que nunca alcançamos.
Hoje, há que assumir a incompletude como única possibilidade humana. E achar isso bom. E gozar com isso.
Não há mais "todo"; só partes. O verdadeiro amor total está ficando impossível, como as narrativas romanescas. Não se chega a lugar nenhum porque não há onde chegar. A felicidade não é sair do mundo, como privilegiados seres, como estrelas de cinema, mas é entrar em contato com a trágica substância de tudo, com o não sentido, das galáxias até o orgasmo. Usamos uma máscara sorridente, um disfarce para nos proteger desse abismo. Mas esse abismo é também nossa salvação. A aceitação do incompleto é um chamado à vida.
Temos de ser felizes sem esperança. E este artigo não é pessimista...

sábado, 17 de abril de 2010

Pollyshop - Kit Left Revolution

A Consciência de Classe do Proletariado Revolucionário


A Consciência de Classe do Proletariado Revolucionário
Escrito por Operário Sindicalizado
Seg, 29 de Março de 2010 09:15
Neste artigo democrático, demonstrarei como o proletariado desperta sua consciência de classe para executar a Revolução Comunista. Karl Marx, em nosso (e não "dele", pois tudo o que existe no mundo é do Povo) livro O Capital, explica que, quanto mais o proletariado for explorado pela burguesia, mais vai tomar consciência de seu papel histórico transformador da sociedade.

Ou seja, a consciência de classe do proletariado é despertada por sua exploração pela classe burguesa. Isso acontece porque o proletariado é a classe escolhida para fazer a Revolução. Logo, como o proletariado é a classe naturalmente revolucionária, é também a classe explorada. Sendo a classe explorada, é a classe que fará a Revolução. Q.E.D.

No trecho abaixo do Manifesto do Partido Comunista, Marx prova que só o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária:

(...) só o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária. (Manifesto do Partido Comunista)

Sendo assim, a extração do produto do trabalho do proletariado pelos burgueses industriais levará a uma crescente organização e tomada de consciência de classe do proletariado, como mostrado no gráfico 1:




O gráfico demonstra que há um relacionamento íntimo entre a extração da mais-valia e consciência de classe proletária. É o mesmo tipo de correlação que vemos entre o surgimento de icebergs e a construção de navios, como mostra o gráfico 2:



Logo, assim como o mar reage ao surgimento de navios, o proletariado reage à exploração dos burgueses, engendrando a Revolução Socialista. A alienação dos trabalhadores estará terminada e os meios de produção voltarão para as mãos deles, assim como era no período pré-capitalista.


Artigo Revolucionário publicado em novembro de 2006 no Jornal Opinião Popular, o jornal do POVO. Está sendo republicado, na íntegra, devido ao interesse crescente pelos estudos marxistas na atualidade.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Igreja absolve os Beatles de "blasfêmia" e "satanismo"

São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2010
da FOLHA
MÚSICA

Igreja absolve os Beatles de "blasfêmia" e "satanismo"


DA REPORTAGEM LOCAL

A Igreja Católica ofereceu seu perdão à blasfêmia e aos excessos dos anos de sexo, drogas e rock and roll protagonizados pela banda que um dia se autointitulou "mais popular do que Jesus Cristo": os Beatles.

Em artigo publicado na primeira página do "Observatório Romano" deste fim de semana, o diário oficial do Vaticano celebra o legado do quarteto e oferece a absolvição completa. "Tudo isso ficou no passado", diz o texto.

A publicação ocorre 40 anos após o término da banda e relativiza interpretações antigas de que os Beatles disseminavam "mensagens misteriosas, que poderiam até mesmo serem consideradas como satânicas".

O texto avalia que o abuso de substâncias e o estilo de vida "desinibido" que acompanhou a carreira do grupo poderia não ser o melhor exemplo para os jovens da época, mas também não pode ser considerado o pior.

GILBERTO DIMENSTEIN - Eu e o resto do mundo

São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2010

GILBERTO DIMENSTEIN

Eu e o resto do mundo

NA PROXIMIDADE da crise dos 40, duas publicitárias, amigas desde os tempos em que estudaram na USP, resolveram desorganizar um pouco suas vidas. Acreditavam estar sofrendo do que chamaram de "crise do olhar", cansadas de gastar tempo só vendendo produtos. Mergulharam no caos que lhes parecia a periferia paulistana. O resultado vai ser mostrado hoje, durante um festival de documentários.
Lila Rodrigues e Karina Ades lançam "Eu, o Vinil e o Resto do Mundo", uma investigação, realizada durante quatro anos, sobre o universo dos DJs, seus códigos e baladas. "Reaprendemos a olhar o mundo", conta Karina. "O que não sabemos direito é o que fazer com esse aprendizado", emenda Lila.


Formada em semiótica, Karina foi trabalhar com publicidade. Sempre nas rotas da zona oeste de São Paulo, foi vivendo protegida por muros.
Em sua "crise do olhar", ela foi ficando crescentemente incomodada pelo fato de produzir filmes publicitários que disseminavam imagens de um mundo asséptico com uma estética asséptica. Em 2006, como criava videoclipes, recebeu um convite para filmar um campeonato de DJs em São Paulo -naquele ano, comemorava-se o décimo aniversário do evento. "Notei que estava diante de uma aventura."
A aventura não era produzir o vídeo sobre o campeonato, mas investigar a vida dos DJs e os segredos daquela tribo. Encontrou sua amiga Lila, formada em cinema, vivendo a mesma crise. Sem nenhum dinheiro, saíram pela inóspita periferia atrás de seus personagens.


Pela primeira vez, Karina usaria, involuntariamente, seus conhecimentos de semiótica para entender a linguagem dos DJs. As duas amigas acabaram aprendendo os sinais de uma cidade como São Paulo. Descobriram toda uma rede de solidariedade na periferia, desconhecida para elas, que pertencem ao universo dos incluídos paulistanos, um mundo onde os vizinhos nunca se encontram. "Muitas vezes, senti que o caos estava no meu mundo, não no deles, apesar de tanta pobreza material", diz Lila. Agências de publicidade, afinal, não são ambientes exatamente angelicais e harmoniosos.


O filme será mostrado hoje à noite no festival de documentários "É Tudo Verdade". Karina e Lila não sabem se conseguirão exibi-lo em circuito comercial. Se já é difícil dar destaque comercial a qualquer documentário, mais difícil ainda se o tema for a periferia.
Elas não vão deixar a publicidade, mas saíram da empreitada com um projeto para suas horas vagas. Querem produzir para a internet vídeos de 60 segundos sobre os personagens invisíveis da cidade de São Paulo -tornados, então, visíveis para o resto do mundo.


PS - Coloquei trechos do filme no www.catracalivre.com.br. É uma belíssima reportagem.
gdimen@uol.com.br

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

FUTEBOL ARTE

TÁ TENDO UMA ETAPA DO RED BULL FREE STYLE DE FUTEBOL AQUI NO BRASI. O PESSOAL FAZENDO LOUCURAS COM UMA BOLA DE FUTEBOL.

http://manualsp.com.br/redbull-street-style-free-style-br/


pena q eu não consigo por o vídeo direto aqui...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

TOM JOBIM no Roda Viva muito bom!!!

Tom Jobim no Roda Viva em dezembro de 1993, com certeza uma das últimas entrevistas de sua vida, já que ele morreu em 94. Apesar de respirar visivelmente com sofreguidão, ele fuma desconstraidamente um charuto durante o programa.

http://www.youtube.com/view_play_list?p=6FEBC0905DADA580&page=2

domingo, 23 de novembro de 2008

OBAMA e sua Mae com nome de homem






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Obama, o filho da mãe
Urariano Mota


Na vitória de Barack Obama há um aspecto original que não vem sendo notado. “Há muitos aspectos, colunista apressado”, poderia ser dito. Tentarei explicar. Além do mais claro, quero dizer, além do fato mais óbvio, de Obama ser o primeiro negro eleito para a presidência dos Estados Unidos, me chama atenção que na sua vida há uma vitória sem ruído de pessoas “derrotadas”, ou marginalizadas na cultura da sociedade norte-americana. Para ser mais preciso, na sua vitória há uma vitória muito especial da sua mãe.
A mãe de Obama, Stanley Ann Duham, foi uma pessoa rara já a partir do nome com que foi batizada. O pai queria um filho homem, e se compensou , ou se vingou, impondo-lhe um nome de homem. Para quê? O bom da vida são as limonadas que fazemos dos limões que nos atiram. Stanley Ann, para a sociedade americana em 1960, não demorou a mostrar a que veio. Aos 18 anos, conheceu o negro Barack Hussein Obama na Universidade do Havaí, em uma aula de... russo! Branca, namorou o jovem queniano, casou.... queremos dizer, juntou suas roupas e livros às dele, e teve Barack Hussein Obama Jr. Como a estabilidade não era bem o seu ideal, separou-se poucos anos depois. Em 1964, ainda irrecuperável, Stanley Ann voltou à faculdade para se formar e casar à sua maneira mais uma vez: uniu-se a um estrangeiro não-branco, o indonésio Lolo Soetoro.
Stanley Ann era não só diferente, rebelde, por intuição. Antropóloga, escreveu uma dissertação de 800 páginas sobre os trabalhos de serralheria dos camponeses de Java. Trabalhando para a Fundação Ford, defendeu o direito das mulheres trabalhadoras e ajudou a criar um sistema de microcréditos para os pobres. Maya Soetoro-Ng, a meia-irmã de Obama, afirmou recentemente sobre a mãe: "Essa era basicamente a sua filosofia de vida: não nos limitarmos por medo de definições estreitas, não erguermos muros à nossa volta e nos empenharmos ao máximo para encontrarmos a afinidade e a beleza em locais inesperados”.
Stanley Ann Duham morreu de câncer no ovário em 1995. O pai, a quem Obama dedicara um livro, ele mal viu, depois dos 2 anos de idade. Por isso afirmou, o primeiro homem negro eleito para a presidência dos Estados Unidos: “Eu creio que se eu soubesse que a minha mãe não iria sobreviver à doença, eu escreveria um livro diferente – menos meditação sobre o pai ausente, mais celebração da mãe que era a única coisa constante em minha vida”, escreveu no prefácio de suas memórias, “Sonhos De Meu Pai”. E acrescentou “Eu sei que ela era a mais gentil, o espírito mais generoso que já conheci e o que existe de melhor em mim eu devo a ela”. Para essa Ann, mulher estranha para os valores dominantes, delicada e rebelde, na campanha eleitoral Obama chamava de a sua "mãe solteira".
O presidente eleito não repete, é claro, o pensamento, os atos e as convicções da mãe. Se assim fosse, não teria chegado aonde chegou. Mas sem as idéias de Stanley Ann Duham, Barack Hussein Obama Jr. não teria tido a mais remota possibilidade de existir. Em lugar do “sonho americano”, que toda imprensa proclama, Obama é antes uma vitória do pensamento e de idéias não-conservadoras, que estavam no limite dos marginalizados hippies. E os hippies, vocês lembram, naqueles malditos tempos acabavam nas prisões, ou como em Easy Rider, sob tiros de espingarda.
Em 2008, um filho de mãe solteira, de uma irrecuperável, é eleito presidente. Para essa nova história, somente espero não ser um colunista muito apressado.


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Crise economica

Blog do TAS
http://marcelotas.blog.uol.com.br/

"Rua Florêncio de Abreu. Entrei na mesma loja, onde entro há uns bons 8 anos. Pedi o mesmoartigo, uma lâmina para cortar plantas de jardim. Sim, sou um homem que exercita a agricultura doméstica. Na hora de pagar, teria que desembolsar quase 50% a mais em relação ao preço que sempre paguei. Me espanto, reclamo. O sempre solícito e sorridente balconista rebate sem pestanejar:- É a crise!- Que crise, rapaz? O rapaz dá uma piscada marota. - Sacumé, começaram a falar de crise, o chefe resolveu agir.Também resolvi agir. Fui à loja ao lado e comprei a mesmíssima lâmina pelo preço agora "antigo". Pergunto a vocês: é assim- por pura abstração aliada a uma certa malandragem- que a crise virtual das bolsas vai invadir o mundo real? A crise já chegou aí para você? De que jeito? Conte aqui."

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Zizek

http://ilustradanocinema.folha.blog.uol.com.br/


http://ilustradanocinema.folha.blog.uol.com.br/
"(...)o documentário “The Pervert’s Guide to Cinema”, dirigido pela britânica Sophie Fiennes, feito em 2006, que dá a Zizek espaço para abordar, emular, desmontar e remontar cenas, personagens e situações do cinema clássico e contemporâneo ao longo de duas horas e meia."

"Para a maioria dos espectadores, o efeito escapista oferecido pelo cinema funciona como outro modo de ver, sentir, desejar e viver situações. Não é à toa que muita gente compara filmes e sonhos ou descreve seus próprios sonhos como se fosse um filme com exibição única e exclusiva. Ou que Hollywood tenha recebido o apelido “indústria dos sonhos”.

"Mas a associação do cinema com o inconsciente é de outra ordem, aponta Zizek em um dos tantos paradoxos que ele tece no documentário. “O cinema é a arte pervertida por excelência. Não te dá aquilo que deseja. Te diz como desejar.” Desse modo, Zizek adota o cinema como pedra de toque de sua tese, que se inspira nas teorias de Jacques Lacan, que enxerga na ficção a base de nossa realidade. Aqui ele usa as pílulas azul e vermelha de “Matrix” para avançar no campo teórico argumentando que, “se tirarmos da nossa realidade as ficções simbólicas que a regulam, perdemos a realidade em si mesma”.
Se tudo pode parecer obscuro demais para um simples amador de cinema, vale dizer que ao longo do documentário Zizek se dedica também a tecer saborosíssimas análises de cenas, misturando o arsenal psicanalítico ao mais explícito prazer de cinéfilo.
Diante de “Veludo Azul”, “Vertigo” e “Psicose”, as intuições propostas por Zizek escapam dos nossos lugares-comuns de críticos e espectadores, oferecendo significados insuspeitos sobre a voz, o ponto de vista, o corte e a estrutura narrativa do cinema. Em certos momentos, pode parecer uma aula séria, mas, como o professor tem aura de cientista maluco, a gente fica à vontade e dá boas risadas.""


Mais uma viagem do Zizek, dessa vez falando sobre filmes de um jeito bem viajadão.
Têm uns links do youtube desse filme



http://www.youtube.com/watch?v=8sFqfbrsZbw&feature=related

Ditos populares




Uma pesquisa sobre a maconha

O site da BBC brasil, com o link ao lado, descreve uma experiência científica feita por uma equipe da universidade de Ohio, nos EUA, em que a maconha é apontada como tendo substâncias benéficas para o cérebro, retardando o envelhecimento e a falta de memória. Abaixo alguns pontos do texto que está em http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/11/081120_maconha_memoria_mv.shtml :


"Ao lado de nicotina, álcool e cafeína, a THC, quando consumida em moderação, tem demonstrado uma certa eficácia em proteger o cérebro contra inflamações, o que pode se traduzir em uma melhor memória na velhice.

"Não é que tudo o que é imoral seja bom para o cérebro", disse o responsável pela pesquisa, Gary Wenk, da Ohio State University. "Simplesmente, existem algumas substâncias que milhões de pessoas, durante milhares de anos, vêm usando em bilhões de doses, e você está notando que existe um pouco de sinal no meio de todo o ruído"."

""Será que as pessoas poderiam fumar maconha para evitar o Mal de Alzheimer se a doença estiver na família?", pergunta Wenk. "Não é isso o que estamos dizendo, mas poderia funcionar. O que estamos dizendo, o que nos parece, é que uma substância legal, segura, que imite essas propriedades importantes da maconha pode trabalhar nos receptores do cérebro para evitar a perda da memória na velhice".

Uma coisa já está clara para os cientistas: o tratamento não é eficaz se já existe perda da memória - é preciso reduzir a inflamação, preservar os neurônios existentes e gerar novos neurônios antes que a perda de memória seja óbvia.

Também está claro, segundo os pesquisadores, que a THC sozinha não é a resposta.

Eles esperam encontrar um composto de substâncias que possam especificamente agir na inflamação do cérebro e ativar a formação de novos neurônios."


quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Jogos virtuais

Jogos virtais são cada dia mais abundantes. Mesmo um playstation pode ser conectado à rede e então jogado em uma versão multiplayer. Os jogos na internet se proliferam, mesmo aqueles gratuitos, e aumentam rapidamente a complexidade, de forma que uma nova realidade é ali fantasiada de um modo muito intenso, tanto que os limites são muito têneues, e elementos no jogo podem ter valores reais. O mais famoso desses jogos, verdadeiras plataformas virtuais, é o second Life, que reproduz o cenário tridimensional real e o jogador é levado a ter várias relações típicas do dia a dia, como namorar e trabalhar.
Um desses jogos que é muito bom e já viciou vários amigos é

www.tribalwars.com.br , e outros

http://www.gladiatus.com/

http://secondlife.com/

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Os Simpsons

Um dos desenhos animados mais conhecidos atualmente, "Os Simpsons", retrata a vida medíocre de uma família americana normal, onde o pai não tem nenhuma ambição profissional e também é omisso dentro de casa, a mão tenta manter a seriedade numa desordem geral, e o filho é um típico "garoto-problema": sem limites, ele desafia os limites da família e da escola, mostrando o lado infantil escrachado da bagunça e da perversão. O problema é que o pai de Bart, Homer, é geralmente um dos maiores incentivadores das transgressões do filho.
Por uma lado, o programa retrata a total alienação das pessoas, que passam os dias distraindo-se com a televisão ou mesmo uma cerveja no bar, sem menor a consciência do que ocorre com o resto do mundo e mesmo com os próprios familiares. Por outro, a família Simpsons é paradoxalmente o protótipo da família média americana, ou o que se poderia chamar de normal, vista com chacota e tida como medíocre, apesar de que uma casa própria e um emprego estável são objetivos vistos como o auge da vida para muitos, inclusive com a constituição de uma família. O poderoso humor, que cada dia mais fica mais periclitante, é maior e mais objetivo do que qualquer teoria filosófica, e desconstrói tudo e todos, ao mesmo tempo. Um cara que não tem ambições profissionais, como um Homer, é visto como um patético justamente porque não tem ambições; o sujeito extremamente profissional também é visto como medíocre por dar tanta importância para um assunto que, convenhamos, não é assim tão pra prazeroso. É como se o ambicioso tirasse um prazer exagerado de suas ações, relacionando com elas em um espaço próprio artificial e vazio, que o aproxima do cara que só quer ver programas idiotas na tv o dia todo.
O homem narcísico atual é a fonte do sarcasmo: ele olha para os lados e ri de todos, ri inclusive de si mesmo e vê o quão ridícula é a sua vida. O homem individualista é sempre alienado. O homem racional nunca terá plena certeza de tudo: ele estará sempre marcado pela falta e pela incompletude. Cada um tem uma vida completamente diferente e própria que pode ser preenchida com consumo e ostentação, mas nunca poderá ser satisfeira completamente.
Os que gostam dos simpsons e querem viajar um pouco podem acessar o site

http://www.simpsonsmovie.com/main.html

Muro de Berlim

Agora já estão falando por aí que chegou o fim da "Era americana". Mas será que, mesmo que não sejam os Estados Unidos, o mundo comportará um novo "Império" ou liderança à moda do que já tivemos antes, ou o que é mais pertinente, será que o "american way of life" acabou, ou estamos cada vez mais cada vez mais buscando o "american dream"? Com certeza, a imagem de fartura e bonança dos americanos é um pouco constrastada com a pobreza que se espalha nos momentos de crise, mas isso ocorre desde 1929!! Não foram poucas as crises que os EUA passaram, e todas elas, inclusive as políticas, mostraram falhas em toda a objetividade técnica que se queria fazer imperar. Mas não são essas falhas, ou a perpepção delas para haver a possibilidade de resolução, o motor da sociedade americana, tanto no que diz respeito ao sistema político, a democracia, quanto em relação ao capitalismo? Os EUA não saem derrotado de um movimento de multipolarização do mundo, mas como o maior patrocinador disso. O que eu quero dizer é que a guerra fria acabou, e os EUA já venceram a guerra; hoje temos um mundo capitalista e globalizado, com alguns pontos de tensão, mas o mercado abrange todo o globo. Abrange Venezuela, Arábia Saudita, etc. O EUA perdem poder nesse momento apenas em parte. Na verdade, da década de 90 até hoje está sendo o período de menor poder dos EUA no mundo. Durante a guerra fria, as ações americanas eram sempre bem justificadas como uma guerra contra o comunismo, um mal bem visível representado pela URSS. Hoje os EUA não têm mais uma justificativa tão convincente, baseada em um estado de guerra constante, o que gerou um grande anti-americanismo. Bush até que tentou conferir mais poder para o estado através de um discurso contra o terror, que era muito mais monstruoso que o do anti-comunismo, pois poderia levar à supressão dos direitos de qualquer um. O terrorismo do qual Bush protegia a nação é aquele que ocorre SOBRE o terrítorio nacional, que pode matar qualquer um, uma paranóia completa; então todos são suspeitos e a segurança justifica os meios. Felizmente, a população americana reprovou essa tentativa desenfreada do governo Bush de conferir ao estado poderes extraordinários que não conferem com a realidade atual. As guerras desencadeadas pelo Bush revelam essa miopia sobre o mundo REAL, ou seja, sobre as finanças, as capacidades militares, os apoios políticos. E falando de superação dos problemas americanos, e mesmo que essa não tenha sido uma eleição com uma conotação racial, a eleição de Obama revela nas entrelinhas importantes mudanças que são na verdade essenciais para a democracia americana. Há 40 anos o mundo ficava perplexo com o radicalismo de certos grupos no fato do assassinato de Luther King. Aquilo parecia um entrave intransponível da sociedade americana. O que fica é a impressão que o EUA não gostam de rótulos...

ENTREVISTA: Slavoj Zizek





Análise da economia e da geopolítica

O marxista lacaniano Slavoj Zizek faz uma análise econômica de primeira (nem tão marxista): http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=2393.

Slavoj é um famoso filósofo atual. Ao analisar a crise econômica atual, ele demonstra um amplo olhar, inferindo que a crise é também geopolítica. Para ele, a sobrevivência do capitalismo, e da própria continuidade do crescimento, depende da capacidade de auto-justificação do sistema, inclusive por seu corpo técnico econômico. Afnal, é sabido que uma das falhas clássicas de mercado é justamente a "informação assimétrica". O sistema bancário é cheio de informações assimétricas, portanto, crises como essa não deveria ser tão surpreendente. Ele critica os políticos que tomam medidas quaisquer, mesmo que ineficientes, tentando sempre, e principalmente em momentos de crise como esse, justificar seus atos, como se estivessem a fazer favores para a sociedade. Esses políticos, que incluem os populistas latino-americanos, preferem que mantenham críticas sobre ele, e então mantenham a discussão sempre acesa, do que a apatia dos eleitores pragmáticos.

domingo, 16 de novembro de 2008

David Lynch



Um dos mais antenados diretores de cinema e artistas no geral é, na minha opinião, David Lynch, já antigo na estrada do cinema, mas cujo último filme tem apenas 2 anos (eu acho): Inland Empire, ou "Império dos Sonhos" em português. Alguns outros clássicos dele são "Cidade dos sonhos", "Eraserhead", "Duna". Nos filmes dele as sensações imperam e toda a realidade sucumbe à impressão do indivíduo, mais ainda, em uma gigante inflexão metalinguística, os filmes tocam no cerne das relações humanas, em especial, daquela que se cria entre o telespectador e aquele que transmite a mensagem, o próprio David Lynch. Ele questiona o próprio ato de confiança do telespectador no que vê no filme, como se a história ali retratada tivesse que seguir uma linha predeterminada; fixando nas relações com o telespectador, e portanto no que o filme causa de sensação nele, o diretor desconstrói a própria verossimilhança da história enquanto fato indiscutível, ou a simples possibilidade disso. Ao colocar em evidência a postura do telespectador ao ver o filme, como é o caso mesmo de Império dos Sonhos, ele acaba se percebendo como telespectador da própria vida, e percebe que a própria realidade em que está inserido basea-se em relações mergulhadas em sensações e sentimentos. Alguns trechos do youtube estão no final da página.

Jiminy Glick



Jiminy Glick é um personagem criado pelo ator e humorista americano Martin Shorter, baseado no patético americano comum. O filme Jiminy Glick em LaLa, difícil de ser encontrado mas que às vezes passa na tv a cabo, conta com a presença do diretor David Lynch, e mostra o que tem de moderno e filosófico no humor, em especial na apatia do americano médio e o simples deleite na vida. O humor mostra-se escancaradamente como um modo de quebrar conceitos e buscar uma visão cada vez mais real do mundo e das relações entre as pessoas.

Arte pop'ular

Hoje em dia vasos sanitários são vendidos em leilões por milhões de dólares, animais em estado de putrefação ocupam lugares de honra em museus, quadros onde só parece que foi atirado um balde de tinta desbancam a arte clássica. Ela parece ocupar hoje novos espaços, transformando conceitos e tomando outro sentido, confundindo-se até mesmo com o mercado e as forças a ele inerentes. A arte talvez tenha se tornado, como todo o resto, cada vez mais particular e individual. E para você, o que é arte?
http://blogdasanta.blogspot.com/2006/01/galeria-de-arte-marcel-duchamp.html